quarta-feira, 8 de novembro de 2023

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Um longo Inverno que se foi adensando, por cima de um Outono já de si triste. 
As árvores e suas ramagens foram despidas, sombras de si perdidas na finda jovialidade.
O ciclo dos dias são carregados sob um manto espesso de texturas nublosas e da presença da invernia que de antemão atemoriza o respeito dos humanos.
Os pássaros sobrantes, que ainda neste nascer do dia se fizeram anunciar, debandaram seguramente para latitudes mais amistosas, e lá, talvez, imaginarem-se animais eles também decisores da natureza. 
Os pássaros poderiam ainda pousar sobre os frondosos galhos, as nuvens em vez de largos charcos de chuva prontos a descarregar, poderiam estar límpidas de maus presságios, até aqueles surtos quase psicótipos de rajadas de vento, poderiam ainda assim ser transformados em serenas brisas levemente sopradas.
Tudo poderia. Todos poderiam. Poder. Poder.
A exigência do ser possível como um acto consumado ainda por se transformar.
Qualquer que seja a manifestação meteorológica do tempo, é a condição e a circunstância que define o ser humano. O resto é a paisagem que o compõe.

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