"Todos pedimos coisas. Coisas mais ou menos possíveis, normalmente materiais e quando se pede algo do lado dos afectos ou da consciência, esse pedido não raras vezes é o resultado do que não se fez.
Muito raramente alguém pede "Tempo". O "Tempo" é uma necessidade do ser humano, mas sendo alusivo e remetido para o futuro como algo inevitável de acontecer ou porque simplesmente regressará sob a forma de presente, esse "Tempo" será sempre desprezado.
O doente pede tempo para viver após a doença ou atrasar a chegada da morte, o solitário pede tempo para poder viver o prazer da companhia, o estudante pedirá tempo para adiar a chegada dos exames... Em suma, o tempo pedido advém de uma necessidade presente para recuperar a possibilidade do futuro, sem este quadro colocado com a força da inevitável força da perda, o "Tempo" gasta-se inutilmente."
Dagoberto de Andrade, habitante da península Esgríncia, 1848
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