segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Um gafanhoto saltou para a biqueira do meu sapato e ali se agarrou ao nó dos atacadores, ficou,
Percorreu comigo em passo leve uns bons 150 metros,
Reparei que não se soltava nem se soltou ou saltou à primeira remexida com intenção,
Estancado passo, e de nada valeu a espera, agachei-me como se fosse apertar os sapatos.
O do lado esquerdo que não tinha companhia de bicharocos, serviu para mostrar a minha intenção,
De nada, obrigado, de nada
Quando torci a posição para o mesmo fazer ao sapato direito, demorei-me a observar aquele astuto gafanhoto.
Estava de certeza preso por algum espigão das suas flexíveis patas ao cordão, seguramente,
De intenções amistosas tentei não o assustar mas libertar e deixar seguir caminho,
Numa observação atenta, o gafanhoto aleatoriamente soltava uma pata de cada vez e não mostrava vontade de sair. Preso não estava. Medo não tinha.
Experimentar seguir viagem de novo.
No carreiro de terra fissurada, ladeado por pedras e ramagem seca que se estendia e crescia para dentro, fora do caminho, percebi que era mero transporte de algo que queria seguir viagem e conhecer outras paragens.
Dos sapatos sujos de pó de barro, ali estava garboso e esverdeado.
Sem medo e sem susto, ali estava.
Chegado a casa, ao descalçar as botas do trabalho, peguei na direita e aproximei da luz. Ali estavam uns meros riscos cravados no pó solto.
Seriam marcas das unhas do gafanhoto.
O quão adorava ser adoptado por um gafanhoto sem medo e sem sustos

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